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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 14.06.18

As nossas manhãs caóticas ou... como tentamos ensinar os filhos a lidar com a frustração

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A Lara e a Maria têm cada uma uma chávena e uma taça diferentes. As primeiras foram oferecidas, entretanto, uma partiu-se e eu substituí e as miúdas acham graça a ter a louça diferente.

Uma destas manhãs, agarrei na primeira taça que vi e coloquei lá a papa de aveia para a Maria. Em 5 minutos a Lara começa a chorar, primeiro baixinho e depois numa berraria. Aquela era a taça dela e ela não queria, de maneira nenhuma, que a Maria a usasse.


Primeiro enervei-me um bocado. Disse-lhe que devemos partilhar, que uma taça era apenas uma taça, que ela estava a agir de forma egoísta e isso não era bom nem bonito, que eu também partilho com ela, etc, etc, etc.

Ela continuou a chorar bem alto e a dizer que a Maria já tinha partido uma taça dela (na verdade fui eu que parti, enquanto a lavava) e que não queria que ela usasse as coisas dela.

Bom... enervei-me mais um bocado e disse que, se havia tanta escandaleira por causa de taças personalizadas, acabava-se a personalização e passávamos todos a comer em taças comuns.

Entretanto acalmei-me, refleti um bocado e esperei que a Lara se acalmasse.

Depois, falei com ela novamente e disse-lhe que compreendia que ela ficasse triste por a Maria usar a sua taça. Percebia que ela gostava muita da taça, que era de facto muito bonita, e por isso tinha medo que a Maria a partisse. Depois expliquei-lhe que tinha sido eu a partir a taça e mesmo que fosse a Maria existiam soluções para esse problema e que o facto de não emprestarmos coisas uns aos outros seria muito mais desvantajoso do que o contrário.

Dei alguns exemplos de coisas que partilhamos cá em casa: o Ipad do pai que todos usamos, os óculos de sol que trocamos, o batom da mãe que é usado por ela, entre outras coisas.

O exemplo do Ipad resultou bastante bem porque quase que o usamos todas mais que o Milton. A Lara joga de vez em quando, eu vejo séries e a Maria também vê uns desenhos animados de vez em quando. De modo que expliquei que, se cada um de nós decidisse não partilhar nada com os outros a nossa vida seria muito mais aborrecida.

Bom... ela parece ter compreendido e aceitado bem porque momentos depois concordou comigo e abraçou-me. 

Não substituí a taça da Maria, como a Lara certamente desejaria que fizesse, nem insisti num castigo ou numa desvalorização dos sentimentos dela (embora inicialmente, a minha reação fosse mais nesse sentido).

Parece-me que quando mostramos empatia pela criança e valorizamos os sentimentos dela, mesmo quando não lhe fazemos a vontade, tudo funciona melhor. Infelizmente nem sempre tenho a paciência e o discernimento necessários para o fazer. É algo a trabalhar, sem dúvida.